9 de abril de 2012

A História Oficial do Basquete - Parte 3

A Fundação da FIBA

Com o grande crescimento do basquete, o principal incentivo ao esporte foi dado pela Federação Internacional de Esportes Atléticos (IAAF), que era a entidade articuladora do movimento olímpico no início do século. A grande diferença das regras do basquete em relação às dos outros esportes dificultava sua convivência, dentro da mesma entidade, com outras modalidades essencialmente individuais, como o atletismo.
Em seu Congresso Anual, em Haya (1926), a IAAF resolveu criar uma comissão para estudar a possibilidade de integrar sob uma mesma administração o basquete e o handebol, embora em comissões separadas. Dois anos mais tarde, durante as Olimpíadas de Amsterdã, a própria IAAF convidou representações de vários países para estudar a formação de uma entidade exclusiva para os esportes com bola, mas ainda sob seu comando. Em 4 de agosto de 1928, foi fundada a Federação Internacional de Handebol Amador (IAHF), que congregava todos os esportes jogados apenas com as mãos. Foram formadas três sub-comissões: handebol indoor, handebol de quadra e basquete. A sub-comissão de basquete era de natureza puramente técnica, composta por dois franceses, um canadense e um americano, e foi a primeira entidade de basquete criada. Em 1929, foi criada a Liga de Basquete de Genebra (Suíça), logo depois transformada em Liga Suíça de Basquete, que utilizava as instalações da ACM em Genebra.
Surge então a figura de Renato William Jones, um inglês de impressionante formação, que se tornou um dos principais defensores do esporte. No verão de 1931, Jones encontra-se com o secretário da IAHF, German Hassler, no intuito de discutir a emancipação do basquete, não obtendo resultado. Em 18 de junho de 1932, Elmer Berry, diretor da Escola de Educação Física da ACM, convoca a primeira conferência internacional de basquete, contando com a presença do próprio Berry, de William Jones, e representantes da Argentina, Grécia, Itália, Letônia, Portugal, Romênia, Suíça e Tchecoslováquia, além de observadores da Hungria e Bulgária. Ao final da conferência, nascia a Federação Internacional de Basketball Amador (FIBA), presidida pelo suíço Leon Buffard e secretariada por William Jones.

Renato William Jones
Faltava, no entanto, o reconhecimento da IAHF. Os defensores da independência do basquete pretendiam algo mais: queriam transformar o esporte em modalidade olímpica oficial, não mais como demonstração, como ocorrera nos Jogos de Saint Louis, em 1904. Para isto, era necessária a independência total da FIBA e o seu reconhecimento pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Sem isto, o basquete jamais poderia figurar no programa olímpico. Mas havia outro problema: no grupo de fundadores da FIBA, não havia nenhum representante da França, pois os franceses ainda não havia estruturado sua Federação Nacional. Isto tirava um pouco do prestígio da FIBA, já que àquela época era muito comum a presença francesa em eventos de grande porte. Em 25 de junho de 1932, após tensas reuniões, os franceses resolvem criar sua Federação de basquete, desvinculando-o da Federação de Atletismo local e, em 1933, solicitam sua filiação à FIBA, sendo imediatamente aceitos.

A adesão francesa à FIBA solidificava a independência da entidade. Em agosto de 1934, Renato William Jones, mesmo sem ser oficialmente convidado, comparece ao Congresso Mundial da IAHF, e defende fervorosamente a independência do basquete. Até que, em 1º de setembro do mesmo ano, é assinado um protocolo que confere oficialmente a autonomia à FIBA, assinado por Tadeusz Kuchar e Karl Von Halt, pela IAHF, e William Jones e o Conde da San Marzano, pela FIBA. Em 19 de outubro, a Federação Argentina pede ao Comitê Organizador das Olimpíadas de Berlim (que seriam em 1936) a inclusão do basquete no programa da competição, mas isto só ocorreu depois que o COI reconheceu oficialmente a independência da FIBA, em 28 de fevereiro de 1935, durante sua 33ª Sessão, realizada em Oslo (Noruega). Iniciava-se a marcha olímpica do basquete. As mulheres, no entanto, só puderam participar a partir de 1976, nas Olimpíadas de Montreal, vencidas pelas soviéticas.

Desde sua fundação, a Federação Internacional de Basketball já teve três sedes, sendo Roma a primeira delas. Em 1940, mudou-se para Berna, na Suíça, para então, em 1956, estabelecer-se definitivamente em Munique, na Alemanha. Já teve oito presidentes, tendo sido dirigida inclusive pelo brasileiro Antônio dos Reis Carneiro, de 1960 a 1968. O atual presidente é o senegalês Abdoulaye Seye Moreau.

Em toda a trajetória do basquete ao longo deste século, nada foi mais determinante para a afirmação do esporte quanto o empenho e a dedicação do legendário Renato William Jones, que foi Secretário-geral da FIBA desde sua fundação até 1976, quando foi sucedido pelo iugoslavo Borislav Stankovic, que permanece até hoje no cargo.

Fonte: CBB 

8 de abril de 2012

A História Oficial do Basquete - Parte 2

As primeiras regras
1 - A bola pode ser arremessada em qualquer direção com uma ou com ambas as mãos;

2 - A bola pode ser tapeada para qualquer direção com uma ou com ambas as mãos (nunca usando os punhos);

3 - Um jogador não pode correr com a bola. O jogador deve arremessá-la do ponto onde pegá-la. Exceção será feita ao jogador que receba a bola quando estiver correndo a uma boa velocidade;

4 - A bola deve ser segura nas mãos ou entre as mãos. Os braços ou corpo não podem ser usados para tal propósito;

5 - Não será permitido sob hipótese alguma puxar, empurrar, segurar ou derrubar um adversário. A primeira infração desta regra contará como uma falta, a segunda desqualificará o jogador até que nova cesta seja convertida e, se houver intenção evidente de machucar o jogador pelo resto do jogo, não será permitida a substituição do infrator.

6 - Uma falta consiste em bater na bola com o punho ou numa violação das regras 3, 4 e 5.

7 - Se um dos lados fizer três faltas consecutivas, será marcado um ponto a mais para o adversário (Consecutivo significa sem que o adversário faça falta neste intervalo entre faltas).

8 - Um ponto é marcado quando a bola é arremessada ou tapeada para dentro da cesta e lá permanece, não sendo permitido que nenhum defensor toque na cesta. Se a bola estiver na borda e um adversário move a cesta, o ponto será marcado para o lado que arremessou.

9 - Quando a bola sai da quadra, deve ser jogada de volta à quadra pelo jogador que primeiro a tocou. Em caso de disputa, o fiscal deve jogá-la diretamente de volta à quadra. O arremesso da bola de volta à quadra é permitido do tempo máximo de 5 segundos. Se demorar mais do que isto, a bola passará para o adversário. Se algum dos lados insistir em retardar o jogo, o fiscal poderá marcar uma falta contra ele.

Primeiro livro de regras.



10 - O fiscal deve ser o juiz dos jogadores e deverá observar as faltas e avisar ao árbitro quando três faltas consecutivas forem marcadas. Ele deve ter o poder de desqualificar jogadores, de acordo com a regra 5.

11 - O árbitro deve ser o juiz da bola e deve decidir quando a bola está em jogo, a que lado pertence sua posse e deve controlar o tempo. Deve decidir quando um ponto foi marcado e controlar os pontos já marcados, além dos poderes normalmente utilizados por um árbitro.

12 - O tempo de jogo deve ser de dois meio-tempos de 15 minutos cada, com 5 minutos de descanso entre eles.

13 - A equipe que marcar mais pontos dentro deste tempo será declarada vencedora. Em caso de empate, o jogo pode, mediante acordo entre os capitães, ser continuado até que outro ponto seja marcado. 

Fonte: CBB 

7 de abril de 2012

A História Oficial do Basquete - Parte 1

Em 1891, o longo e rigoroso inverno de Massachussets tornava impossível a prática de esportes ao ar livre. As poucas opções de atividades físicas em locais fechados se restringiam a entediantes aulas de ginástica, que pouco estimulavam aos alunos. Foi então que Luther Halsey Gullick, diretor do Springfield College, colégio internacional da Associação Cristã de Moços (ACM), convocou o professor canadense James Naismith, de 30 anos, e confiou-lhe uma missão: pensar em algum tipo de jogo sem violência que estimulasse seus alunos durante o inverno, mas que pudesse também ser praticado no verão em áreas abertas.
Naismith com o time da Universidade de Kansas, onde foi técnico por muitos anos.
Depois de algumas reuniões com outros professores de educação física da região, James Naismith chegou a pensar em desistir da missão. Mas seu espírito empreendedor o impedia. Refletindo bastante, chegou à conclusão de que o jogo deveria ter um alvo fixo, com algum grau de dificuldade. Sem dúvida, deveria ser jogado com uma bola, maior que a de futebol, que quicasse com regularidade. Mas o jogo não poderia ser tão agressivo quanto o futebol americano, para evitar conflitos entre os alunos, e deveria ter um sentido coletivo. Havia um outro problema: se a bola fosse jogada com os pés, a possibilidade de choque ainda existiria. Naismith decidiu então que o jogo deveria ser jogado com as mãos, mas a bola não poderia ficar retida por muito tempo e nem ser batida com o punho fechado, para evitar socos acidentais nas disputas de lances.

A preocupação seguinte do professor era quanto ao alvo que deveria ser atingido pela bola. Imaginou primeiramente colocá-lo no chão, mas já havia outros esportes assim, como o hóquei e o futebol. A solução surgiu como um relâmpago: o alvo deveria ficar a 3,5m de altura, onde imaginava que nenhum jogador da defesa seria capaz de parar a bola que fosse arremessada para o alvo. Tamanha altura também dava um certo grau de dificuldade ao jogo, como Naismith desejava desde o início.

Mas qual seria o melhor local para fixar o alvo? Como ele seria? Encontrando o zelador do colégio, Naismith perguntou se ele não dispunha de duas caixas com abertura de cerca de 8 polegadas quadradas (45,72 cm). O zelador foi ao depósito e voltou trazendo dois velhos cestos de pêssego. Com um martelo e alguns pregos, Naismith prendeu os cestos na parte superior de duas pilastras, que ele pensava ter mais de 3,0m, uma em cada lado do ginásio. Mediu a altura. Exatos 3,05m, altura esta que permanece até hoje. Nascia a cesta de basquete.

James Naismith escreveu rapidamente as primeiras regras do esporte, contendo 13 itens. Elas estavam tão claras em sua cabeça que foram colocadas no papel em menos de uma hora. O criativo professor levou as regras para a aula, afixando-as num dos quadros de aviso do ginásio. Comunicou a seus alunos que tinha um novo jogo e se pôs a explicar as instruções e organizar as equipes.

Havia 18 alunos na aula. Naismith selecionou dois capitães (Eugene Libby e Duncan Patton) e pediu-lhes que escolhesse os lados da quadra e seus companheiros de equipe. Escolheu dois dos jogadores mais altos e jogou a bola para o alto. Era o início do primeiro jogo de basquete. Curioso, no entanto, é que nem Naismith nem seus alunos tomaram o cuidado de registrar esta data, de modo que não se pode afirmar com precisão em que dia o primeiro jogo de basquete foi realizado. Sabe-se apenas que foi em dezembro de 1891, pouco antes do Natal.

Como esperado, o primeiro jogo foi marcado por muitas faltas, que eram punidas colocando-se seu autor na linha lateral da quadra até que a próxima cesta fosse feita. Outra limitação dizia respeito à própria cesta: a cada vez que um arremesso era convertido, um jogador tinha que subir até a cesta para apanhar a bola. A solução encontrada, alguns meses depois, foi cortar a base do cesto, o que permitiria a rápida continuação do jogo.



Ginásio Armony Hill, local da primeira partida
oficial de basquete.
Após a aprovação da diretoria do Springfield College, a primeira partida oficial do esporte recém-criado foi realizada no ginásio Armory Hill, no dia 11 de março de 1892, em que os alunos venceram os professores pelo placar de 5 a 1, na presença de cerca de 200 pessoas.

A primeira bola de basquete foi feita pela A. C. Spalding & Brothers, de Chicopee Falls (Massachussets) ainda em 1891, e seu diâmetro era ligeiramente maior que o de uma bola de futebol.

As primeiras cestas sem fundo foram desenhadas por Lew Allen, de Connecticut, em 1892, e consistiam em cilindros de madeira com borda de metal. No ano seguinte, a Narraganset Machine & Co. teve a idéia de fazer um anel metálico com uma rede nele pendurada, que tinha o fundo amarrado com uma corda mas poderia ser aberta simplesmente puxando esta última. Logo depois, tal corda foi abolida e a bola passou a cair livremente após a conversão dos arremessos. Em 1895, as tabelas foram oficialmente introduzidas.

Naismith não poderia imaginar a extensão do sucesso alcançado pelo esporte que inventara. Seu momento de glória veio quando o basquete foi incluído nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, e ele lançou ao alto a bola que iniciou o primeiro jogo de basquete nas Olimpíadas.

Atualmente, o esporte é praticado por mais de 300 milhões de pessoas no mundo inteiro, nos mais de 170 países filiados à FIBA.


Fonte: CBB