A Motion Offense é um dos planos de jogo mais utilizados no basquetebol. Seja no nível amador ou profissional, verificamos a utilização em massa deste sistema.
Muito se contesta sobre a origem da Motion, mas a tese mais aceita é de que foi inventada por Hank Iba, do time de Oklahoma State.
A Motion Offense é o oposto de uma Patterned Offense. Na Motion, não existe padrão a ser seguido ou jogada definida. Aqui, o ataque tem uma série de princípios que devem ser obedecidos, e os jogadores, dentro destes princípios, movimentam-se livremente, buscando a melhor opção.
A jogada, portanto, surge da leitura do jogo. É primordial, por isso, que para dar certo, a Motion tenha jogadores intuitivos e sem medo de criar a jogada quando ela se apresenta.
O segredo para uma boa Motion consiste em constante movimento de bola, jogadores que consigam jogar múltiplas posições e velocidade. É melhor utilizada por times que possuam jogadores rápido, ágeis, e que precisem de um sistema para contestar uma defesa alta e forte.
Ela possui alguns princípios, e eles podem variar um pouco, mas são, basicamente:
Espaçamento na quadra: os jogadores devem ficar entre 4 e 5 metros distantes um do outro. Se eles se aglutinarem, como o ataque não terá saída definida, podem facilmente ser encurralados e perder a bola.
Corta-luz depois do passe: este princípio é usado na maioria das Motions. O jogador que estiver com a bola, ao fazer o passe, deve fazer um corta-luz do lado oposto. Por exemplo, o jogador que está no topo do garrafão e passa a bola para o ala da esquerda, deve correr e fazer um corta-luz para o ala da direita. Com isto, o jogador que recebe o corta-luz pode ver uma rota de penetração sendo criada, pois a defesa estará atenta com a bola e com o jogador que está fazendo o corta-luz.
Corta-luz para o fundo: os jogadores que estiverem no garrafão devem fazer corta-luz para os alas, pelo lado de dentro, sem a bola. Desta forma, o ala pode entrar pelo fundo e receber a bola em diagonal.
Corta-luz sem a bola: Dois jogadores que estiverem sem a bola e no lado fraco da defesa devem procurar fazer corta-luz um para o outro, buscando aparecer de surpresa no topo do garrafão para penetrar ou arremessasr.
Não passar para um jogador parado: se um jogador estiver parado, ele não recebeu corta-luz, não acabou de passar a bola e não terá linha de penetração. Portanto, estará fora do fluir do jogo. Se o passe for para ele, a bola pode facilmente ser interceptada, pois a defesa saberá exatamente onde ele está. Mesmo que a bola chegue, o movimento constante que deve existir será quebrado, e os outros jogadores gastarão muita energia para reiniciar a movimentação.
Movimento apenas após o corta-luz: é princípio básico do basquete, mas se torna mais importante na Motion, pois aqui o corta-luz é abundante. O jogador que recebe o corta-luz deve esperar seu companheiro estar na posição ideal para fazê-lo, parado com os dois pés no chão. Se ele se mover antes, muito provavelmente seu companheiro fará falta de ataque, pois estará fazendo corta-luz andando.
Dependendo da estratégia utilizada, outros princípios podem ser empregados, e mesmo estes podem ser descartados e substituídos.
Os princípios que descrevemos refletem a maioria das Motion Offenses, mas existem algumas celebres versões que não utilizam estes mesmos princípios.
A "Dribble-Drive Offense" é muito utilizada por John Calipari, grande técnico universitário. O Chicago Bulls também passou a usá-la em alguns momentos depois que trouxe Derrick Rose, ex-jogador de Calipari ao time. Nesta variação, ao invés de uma série de corta-luzes e bloqueios, temos um armador dominante que penetra bem, e ele usa isso para quebrar o ritmo da defesa e passar para fora. Os outros jogadores também cortam para a cesta, e um coloca o outro em posição de pontuar com a penetração, ao invés do corta-luz.
A Motion pode ser configurada de diversas maneiras, dependendo do time que estiver em quadra. A configuração mais comum é o 3-2, começando com três jogadores no perímetro e dois no garrafão, fazendo com que eles troquem de posição.
Caso o time não possua bons jogadores de garrafão, pode fazer um 4-1 ou mesmo 5 abertos, passando a bola e buscando a melhor opção.
Também existem variações 1-3-1 (para alas altos), e 1-4 (para times sem bom arremesso de fora).
Quanto mais jogadores fora do garrafão se movimentando, melhor controle de bola o time vai ter, mas também menor chance de chegar com facilidade à cesta, pois quando menos espaço na quadra ocupar, mais compactada vai deixar a defesa, precisando criar um chamariz extra para quebrar o sistema defensivo do outro time.
Este é o funcionamento básico de uma Motion, talvez o sistema ofensivo mais utilizado no mundo do basquete em todos os níveis. É um sistema que valoriza a criatividade dos jogadores, e que equilibra uma partida em que a equipe que a utiliza perca para a outra na diferença de altura.
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